quarta-feira, 18 de junho de 2008

Três dias...

Três dias fora da realidade semanal. Três dias de puro acaso. Três dias de Carpe Diem.
O primeiro dia aconteceu de repente, sem demoras nem devaneios. O que tinha a fazer despedaçou-se logo de manhã!Uma ligação fez com que seus planos ruíssem e passou a utilizar o plano B. Qual era o plano B mesmo?Não existia plano B nenhum!Oras, você acha que ele se desesperou?Não, o pequeno Wilber segue em frente e improvisa, na procura desgarrada do fazer alguma coisa, os telefones em sua agenda eletrônica.
Já tinha um compromisso, após duas horas de incessante busca, na cidade vizinha à próxima vila...Um pouco longe e enrolada essa história, mas era o que conseguira.

(Aliás, a história inteira é enrolada como todas as pessoas o são e não admitem...)

Em algum bar por ali eles estavam jogando conversas e risadas no ar com o toque de lúpulo com cevada em suas falas. Nada era ruim, tudo estava perfeito naquele instante...amigos e histórias mesclando-se a mais um momento de vida!Como era bom o simples ato de divagar palavras sem preocupações!Não existiam textos ensaiados e nada era artificial!Como tudo deve ser...
No caminho de casa estava entretido com suas músicas e cenas mágicas quando, de repente, encontrou alguém que lhe parecia familiar...Parou e perguntou se ela não tinha trabalhado com ele havia algum tempo e a resposta foi positiva. Puseram-se a conversar e decidiram tomar um café no outro dia.
O segundo dia começou com um café da manhã na cafeteria que escolheram com capuccinos e croissants de queijo e presunto!¨Hummmmmm que gostoso...!¨Pensara. Enquanto saboreavam os salgados começaram a se conhecer melhor, descobrir gostos e diferenças entre si. Gargalhadas e algumas desavenças intelectuais fizeram parte deste papo do acaso e ele não se importava, apenas aproveitava o que o mundo estava lhe dando!Decidiram ir até o aquário da cidade!Eles nunca tinham ido lá e se espantaram ao perceber isso...algo tão comum e ao mesmo tempo tão distante que começaram a soltar sorrisos de despreocupação...
No fim do dia, após o aquário, despediram-se com um beijo, um abraço e viram que eram bons amigos...nada além daquilo iria acontecer. Não ficou triste nem desapontado com essa percepção, pelo menos provara o gostinho de um beijo ocasional!Sem compromisso e gostoso como a brisa que passava àquela hora...
Após a ida de sua amiga o celular tocou anunciando sua ex-namorada. ¨Por essa eu não esperava!O que será que ela quer?¨Divagou consigo...Fazia tempos que não se falavam e ele já não sabia mais se queria falar com ela...Tudo o que acontecera entre eles vinha à sua mente como uma ¨bad trip¨ que não queria mais vivenciar!Mesmo assim, atendeu o telefone:

- Alô, Joana, o que você quer?
- Eu queria falar com você, explicar tudo direitinho...não desliga vai...
- Explicar o quê?Já ouvi muita coisa e não sei se vou acreditar no que você vai me dizer...
- Você acha que sabe...já ouviu todo mundo menos eu que fui a vítima desse rolo todo...por favor, me escuta...

(Quando ouviu aquele tom de voz percebeu que poderia estar errado quanto às suas conclusões sobre ela e o assunto todo... coisas que se sente apenas em horas únicas como essa)

- Ta certo, vamos conversar!Amanhã você vem até a minha casa na parte da tarde, ok?
- Ok!Obrigada por querer me ouvir!Beijo e até amanhã!
- Beijo!Até amanhã.

Continuou caminhando e pensando qual seria a história do próximo dia...Mais mentiras?Revelações inimagináveis ou só uma confirmação dos fatos já sabidos?Por que questionava tanto isso se já decidira o que era certo?Começou a ficar confuso com tantas possibilidades e resolveu apenas deixar ser...do mesmo jeito que estava levando sua vida nesses últimos dias.
O terceiro dia chegou rapidamente com o despertador tocando histericamente no seu ouvido!Esquecera de desligar o alarme e começou a pronunciar nomes que não convém escrever aqui...

(Muito feios por sinal! Mas quem é que nunca disse essas palavras antes não é? Hipocrisia dizer que não...Você foi hipócrita?)

O bom humor logo chegou quando lembrou que estava vivendo um dia após o outro, sem os revezes maldosos de nossa mente surrada por maus momentos. Ligou o som e colocou ¨Hands Clean¨ da Alanis Morrisette para começar no clima correto dos acontecimentos futuros!Como era boa aquela sensação... não existia mais nada além da música e seus sentimentos bons, a alma leve e flutuante nos campos do bem-querer e a visão de um futuro próspero como num final feliz de contos de fadas...
Joana chegara no começo da tarde com seu olhar esperançoso e sua boa educação. Os seus gestos e jeitos transmitiam uma felicidade quase infantil que dava gosto de ver...Wilber percebera que havia feito a coisa certa em querer ouvir o que ela tinha a dizer...Pelo menos estava fazendo alguém um pouco mais feliz caso a trama a ser contada não fosse das mais convincentes!

- Entre, sinta-se à vontade!Vamos conversar no meu quarto...lá é mais aconchegante.
- Licença...
- O que você quer tomar?Tenho chá gelado, coca cola, água e whisky.
- Hummmm whisky, por favor.
- É pra já!Com muito gelo e um pouco d´água né?
- Isso!Você ainda lembra...
- Claro que lembro, como esqueceria...

(Agora Wilber queria estar errado em suas resoluções dos fatos passados entre eles...queria que ela tivesse uma ótima desculpa para tudo o que aconteceu...Você, leitor(a), que já passou por uma situação parecida com esta, concorda com ele?Ou acha que ele é volúvel e sem firmeza de opinião?Você é sensato(a)?Hã?)

A conversa fluiu como sempre acontecia entre eles!Wilber fora um pouco áspero no começo mas ficou mais manso ao ouvir a tragédia que ela tinha vivido. Tudo se encaixava e apontava que a verdade estava de mãos dadas com Joana!Percebeu que alguns conhecidos haviam dito meias verdades e tentaram cravar-lhe uma faca nas costas...Ficou mudo e pensativo até unir todas as peças desse quebra-cabeça e concluir que podia acreditar em sua ex-namorada. Agora este episódio parecia ter um final bom e plausível, sem buracos e pessoas estranhas ao redor dele!A calmaria voltou a reinar entre os dois com beijos, abraços e um próspero recomeço...
No finzinho da noite Wilber rebobinou todos os acontecimentos desses três dias e os assistiu tranqüilamente deitado em seu macio travesseiro. Lágrimas de emoção rolaram em seu rosto ao visualizar que a vida é simplesmente a porta que ele mesmo abre...
Carpe Diem...

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